“História é uma das muitas áreas do conhecimento, como a biologia, a matemática, a física e a química. É dedicada, porém, ao estudo dos acontecimentos realizados pelos mais diferentes indivíduos e grupos sociais no decorrer do tempo. Em outras palavras, destina-se à compreensão do passado: das mudanças e permanências ocorridas nas mais diversas sociedades do mundo.
Estuda, por exemplo, como as pessoas de antigamente conceberam e utilizaram ferramentas para transformar a natureza, como expressaram suas idéias; como se organizaram política e economicamente; que soluções deram para os problemas cotidianos; de que modo lutaram para ampliar seus direitos.
Na história, porém, não se estuda apenas o passado. Também (e fundamentalmente) se estuda o presente, o mundo em que vivemos. História e memória se parecem. Ninguém se lembra de tudo, todo o tempo. Em casa instante, a memória recupera o passado aquilo que interessa e tem importância para solucionar um problema; resolver um aspecto prático do dia a dia; satisfazer um desejo ou um capricho.
A história segue o mesmo caminho. O ponto de partida é sempre o presente. Diante da realidade vivida, como a desigualdade social no Brasil ou o trabalho infantil, vira-se para o passado. A idéia, porém, não é buscar justificativas para o presente, mas perceber que aquilo que nos parece eterno um dia já foi bem diferente.
A história nos auxilia a perceber que tudo pode ser mudado. Torna o indivíduo crítico, ativo em relação ao mundo que o cerca. A pobreza no Brasil, a permanência da escravidão, as relações desiguais entre homens e mulheres, a persistência do racismo: para tudo isto existem alternativas.
E construímos estas alternativas estudando as sociedades e a vida das pessoas do passado. Conhecendo experiências: como as pessoas de antigamente, diante de situações semelhantes ou distintas, escolheram seus caminhos e construíram o mundo em que viveram.
A história nos mostra como as pessoas de antigamente lidaram com suas questões. Não se trata de julgar se estavam certas ou erradas. Também pouco de repetir o passado. Mas apenas de analisar antigas experiências para tomar nossas próprias decisões, escolher nossos caminhos, estabelecer alternativas, tornar-nos sujeitos da história.”
Fonte: Santiago, Pedro. Por Dentro Da História. Editora Escala Educacional.São Paulo, 2006
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